10 de nov. de 2012

Encontro com a poesia de Angélica Freitas


Conheci Angélica há alguns anos, pela internet. Cheguei até o blog dela, não lembro como, depois trocamos emails e nos tornamos amigos à distância. Tínhamos além da cidade em comum, os deslocamentos – quando ela estava morando em SP, eu estava em Pelotas, quando eu morei no RJ, ela estava aonde? Na Holanda ou Argentina? Sei lá. Nos visitamos e correspondemos ao longo do tempo e agora estamos os dois de volta à Pelotas. ODYR

Conheci a poeta em janeiro de 2006. Eu acabava de chegar em SP, junto com uma poeta argentina, Lucía Bianco, os dois convidados para uma leitura na Casa das Rosas.
Ouvi Angélica naquela que foi a sua primeira leitura pública. Ao fim das leituras, fui dizer pra ela: quero te traduzir e publicar na Argentina. Quatro meses depois, traduzi e publiquei vinte poemas dela num volume junto com outros três poetas brasileiros. CRISTIAN

Lembro que li o "Rilke Shake" no ônibus, a caminho do trabalho, em alguma manhã de abril de 2007, poucos dias depois de ela ter lançado o livro, e fiquei completamente louco com aqueles poemas. Tinham humor, melancolia e rebeldia. No plano da linguagem, eram precisos e demonstravam grande habilidade técnica. Virei fã. FABRÍCIO

Nos conhecemos nos anos 90, ficamos amigos instantaneamente conversando sobre literatura e tal. Daí eu e ela, sentados na Lancheria do Parque, decidimos pegar a estrada e passamos um mês inteiro de carona, em caminhões pela Argentina e Chile. Fomos até o deserto do Atacama assim. MARCELO

Agora, depois de uns tantos anos de amizade, tive a alegria de fazer esse álbum junto com ela, “Guadalupe’. Ele faz parte dessa série de álbuns que reúnem escritores e desenhistas. Parte de um momento novo, interessante onde conexões como essas podem acontecer e divisões vetustas entre “alta” e “baixa” cultura se esvaem. E Angélica é sintomática nesse sentido: é uma poeta que tem um twitter, tá no facebook, gosta de quadrinhos – vive no mundo como ele é hoje e não em uma versão com estátuas gregas, cortinas e pessoas declamando (como tanto do imaginário poético empoeirado que se vê por aí). ODYR

É que sua escrita tem aquela rara riqueza natural da grande poesia, realizando sínteses para muito além do senso comum. Sua poesia consegue ser cortante com delicadeza, inteligente, mas sem afetação, é profunda ao mesmo tempo que engraçada.
MARCELO

Ainda lembro a elegância brutal e a sinceridade incondicionada na voz e palavras dela, aquela noite e todas as noites, em SP, Buenos Aires, Pelotas, Porto Alegre e RJ, cidades onde eu tive o grande prazer, que sempre terei, de falar com ela sobre qualquer coisa, exceto poesia. CRISTIAN

Ela tem esse temperamento amável e gentil no contato com as pessoas, a Angélica é um doce de pessoa para se conviver e trocar experiências, mas, a despeito do nome, vejo nela um demônio de inteligência que não aceita estupidez e preconceito por perto. E isso, para mim, é um dos traços distintivos de um poeta pra valer. Nunca a vi cedendo à vontade e ao capricho dos outros, que muitas vezes cobram posicionamentos e atitudes aos artistas. Não adianta, ela não trabalha com concessões.
MARCELO

Porque isso é que é incrível com Angélica – ela tá ali, falando como gente, sendo engraçada, usando os detalhes desimportantes da nossa vida e da cultura pop que é parte de nossa vida e ao mesmo tempo cumprindo as funções mais elevadas do poema – na linguagem, na ressonância, em fazer do poema uma experiência, em que algo aconteça no leitor. E ela faz parecer fácil. ODYR

Neste livro as características de humor, rebeldia e melancolia estão ainda mais evidentes. O humor, porém, ficou mais negro e amargo. É um livro mais duro, mais pesado. Perfeito pros dias atuais. Me sinto influenciado pela poesia da Angélica, e espero de todo coração que eu esteja certo quanto a isso. FABRÍCIO

É um livro altamente subversivo, uma vez que escancara a questão de gênero de maneira explosiva e radical. É um livro brilhante, faz muita gente entender que a Poesia pode ser uma aventura viva e envolvente. É uma leitura que dá prazer, que te faz rir e refletir. É aquele tipo de livro que deixa o leitor mais esperto, é o que chamo de "iluminação por contágio". MARCELO