Conheci Angélica há alguns anos, pela internet. Cheguei até
o blog dela, não lembro como, depois trocamos emails e nos tornamos amigos à
distância. Tínhamos além da cidade em comum, os deslocamentos – quando ela
estava morando em SP, eu estava em Pelotas, quando eu morei no RJ, ela estava
aonde? Na Holanda ou Argentina? Sei lá. Nos visitamos e correspondemos ao longo
do tempo e agora estamos os dois de volta à Pelotas. ODYR
Conheci a poeta em janeiro de 2006. Eu acabava de chegar em
SP, junto com uma poeta argentina, Lucía Bianco, os dois convidados para uma
leitura na Casa das Rosas.
Ouvi Angélica naquela que foi a sua primeira leitura
pública. Ao fim das leituras, fui dizer pra ela: quero te traduzir e publicar
na Argentina. Quatro meses depois, traduzi e publiquei vinte poemas dela num
volume junto com outros três poetas brasileiros. CRISTIAN
Lembro que li o "Rilke Shake" no ônibus, a caminho
do trabalho, em alguma manhã de abril de 2007, poucos dias depois de ela ter
lançado o livro, e fiquei completamente louco com aqueles poemas. Tinham humor,
melancolia e rebeldia. No plano da linguagem, eram precisos e demonstravam
grande habilidade técnica. Virei fã. FABRÍCIO
Nos conhecemos nos anos 90, ficamos amigos instantaneamente
conversando sobre literatura e tal. Daí eu e ela, sentados na Lancheria do
Parque, decidimos pegar a estrada e passamos um mês inteiro de carona, em
caminhões pela Argentina e Chile. Fomos até o deserto do Atacama assim. MARCELO
Agora, depois de uns tantos anos de amizade, tive a alegria
de fazer esse álbum junto com ela, “Guadalupe’. Ele faz parte dessa série de
álbuns que reúnem escritores e desenhistas. Parte de um momento novo,
interessante onde conexões como essas podem acontecer e divisões vetustas entre
“alta” e “baixa” cultura se esvaem. E Angélica é sintomática nesse sentido: é
uma poeta que tem um twitter, tá no facebook, gosta de quadrinhos – vive no
mundo como ele é hoje e não em uma versão com estátuas gregas, cortinas e
pessoas declamando (como tanto do imaginário poético empoeirado que se vê por
aí). ODYR
É que sua escrita tem aquela rara riqueza natural da grande
poesia, realizando sínteses para muito além do senso comum. Sua poesia consegue
ser cortante com delicadeza, inteligente, mas sem afetação, é profunda ao mesmo
tempo que engraçada.
MARCELO
Ainda lembro a elegância brutal e a sinceridade
incondicionada na voz e palavras dela, aquela noite e todas as noites, em SP,
Buenos Aires, Pelotas, Porto Alegre e RJ, cidades onde eu tive o grande prazer,
que sempre terei, de falar com ela sobre qualquer coisa, exceto poesia. CRISTIAN
Ela tem esse temperamento amável e gentil no contato com as
pessoas, a Angélica é um doce de pessoa para se conviver e trocar experiências,
mas, a despeito do nome, vejo nela um demônio de inteligência que não aceita
estupidez e preconceito por perto. E isso, para mim, é um dos traços
distintivos de um poeta pra valer. Nunca a vi cedendo à vontade e ao capricho dos
outros, que muitas vezes cobram posicionamentos e atitudes aos artistas. Não
adianta, ela não trabalha com concessões.
MARCELO
Porque isso é que é incrível com Angélica – ela tá ali,
falando como gente, sendo engraçada, usando os detalhes desimportantes da nossa
vida e da cultura pop que é parte de nossa vida e ao mesmo tempo cumprindo as
funções mais elevadas do poema – na linguagem, na ressonância, em fazer do
poema uma experiência, em que algo aconteça no leitor. E ela faz parecer fácil. ODYR
Neste livro as características de humor, rebeldia e
melancolia estão ainda mais evidentes. O humor, porém, ficou mais negro e
amargo. É um livro mais duro, mais pesado. Perfeito pros dias atuais. Me sinto
influenciado pela poesia da Angélica, e espero de todo coração que eu esteja
certo quanto a isso. FABRÍCIO
É um livro altamente subversivo, uma vez que escancara a
questão de gênero de maneira explosiva e radical. É um livro brilhante, faz
muita gente entender que a Poesia pode ser uma aventura viva e envolvente. É
uma leitura que dá prazer, que te faz rir e refletir. É aquele tipo de livro
que deixa o leitor mais esperto, é o que chamo de "iluminação por
contágio". MARCELO